Salve, Salve !

Tem algumas coisas que são inevitáveis na vida de um profissional de comunicação e marketing: briefing, deadline, criatividade, dinamismo, noite, macarrão instantâneo e computador. Site, Orkut... e o Blog. Sim, o Blog! Há muito tempo que meus amigos e clientes me cobram esta "coisa" de postar o que eu acho do mundo. Pois é, resolvi fazer, agora aguentem! Seja bem-vindo: dê uma bica no ócio e participe dando seus pitacos. Super abraço!


quinta-feira, 16 de abril de 2009

BOAS VINDAS !

Este mês tive um impulso: vou finalmente me render aos insistentes pedidos de amigos e clientes para que eu fizesse meu Blog... Para este momento fatídico para mim, que já trabalho bem mais que as oito horas diárias da maioria da população (e durmo bem menos também - rs), virar "blogueiro" vai ser uma odisséia, mas, me rendi ao desafio. Comecei a fuçar os blogs que têm por aí, e não é que peguei gosto pela "coisa" de poder postar aos quatro ventos do mar cibernético meus pitacos virtuais?!?
 
Com relação ao design, procurei fazer algo que passe a idéia de requinte e sofisticação, mas com muita simplicidade, dentro do estilo que já é a marca do meu trabalho. Nada daqueles fundos cheios de imagens coloridas, efeitos mirabolantes e imagens que vêm e vão numa dança frenética de mediocridade conceitual... Em design, menos é mais! A grande estrela do blog vai ser o conteúdo, sempre. Quero que as pessoas acessem e entendam o que estão vendo... Só isso! Será que é pedir muito? rs rs rs
 
Para inaugurar o Blog, resolvi colocar alguns artigos meus e matérias da Mazza em que há uma ligação meio, digamos, militante em duas causas sociais que abracei: a Guarda Compartilhada e a valorização do relacionamento entre pais e filhos, e o Projeto "Black Music por um Mundo Melhor", que a MR1 organizou juntamente com a galera da Black Music, para ajudar durante todo este ano as vítimas das enchentes de Santa Catarina. Muita gente acha que as cidades atingidas já estão restauradas, mas a verdade é que a normalização da civilidade nestes locais só será possível com muita garra, disposição, luta e, principalmente, muito investimento das diversas camadas da sociedade (políticos, religiosos, líderes comunitários, artistas, mídia, etc) que são co-responsáveis em tornar possível o reerguimento deste Estado que tem um povo maravilhoso e carismático, mas que ainda vai levar, segundo dados da Defesa Civil, pelo menos mais três ou quatro anos para superar o trauma e voltar a viver como antes. Portanto, "vamos dar as mãos, vamos nos unir..." Ah, e não deixe de ler a crônica: você vai se divertir!
 
Para que se evitem os palavrões, torpezas e nesciosidades que são muito comuns neste tipo de veículo, as mensagens serão moderadas. No entanto, já antecipo que só irei recusar conteúdo ilegal ou ofensivo. Opiniões, críticas, sugestões e elogios serão integralmente preservados, bem como na medida do possível respondidos. Até porque que as pessoas devem ser o que são, e dizer o que realmente pensam. Daí o porque da interjeição no slogan do blog. Tha's it! É isso aí! É isso mesmo!
 
Para mim, é muito interessante ter este canal de relacionamento com as pessoas, podendo falar o que bem entender, fazendo críticas e tecendo elogios, pautando a minha opinião e aprendendo com os comentários. Acredito que este espaço poderá ser palco de muitas discussões, e faço meus sinceros votos que possamos todos aumentar nossa cultura e também se divertir muito, afinal, a vida nos foi dada por Deus para ser vivida intensamente, curtida de montão, mas também para que pudéssemos evoluir, crescer como seres humanos e contribuir na transformação para um planeta mais justo e feliz!
 
Um brinde! (água com gás mesmo... rs rs rs)
Marcelo Rebello: that's it!

MR1 reúne mais de 80 cantores da Black Music para ajudar Santa Catarina

Aconteceu no estúdio Moving Sound, em São Paulo, um dos mais importantes encontros black do ano. Foi a primeira edição do "Black Music por um mundo melhor", um evento sem fins lucrativos, focado no social, que pretende reunir, em estúdio, todos os anos, grandes nomes da black music para ajudar diferentes entidades em todo o Brasil, com a gravação de um single social que será vendido em formato de CD e DVD.
"Este ano, fomos ao socorro dos desabrigados de Santa Catarina", conta a jornalista Luciana Mazza, Diretora  da MR1 Comunicação & Marketing, agência que realizou o evento. Luciana relata: "Quando desenhei o projeto, juntamente com meu esposo Marcelo Rebello, que é o homem de marketing da nossa agência, pensamos que seria muito bom reunir todos os cantores do movimento black, uma vez por ano, em torno de um único objetivo: doar nossos talentos e, acima de tudo, o nosso amor ao próximo. Queríamos tocar a vida de pessoas necessitadas! E, quando nos deparamos com a tragédia do estado de Santa Catarina, entendemos que era chegada a hora de colocar em prática o nosso projeto! Mas, precisávamos fazer o melhor ... Então, montamos uma equipe de sucesso para coordenar a parte artística do evento. Neste grupo, estavam Luciano Claw, Sergio Saas e o rapper Lito Atalaia. Sabíamos que não poderíamos deixar de contar também com a experiência dos antigos nomes que escreveram história na música black brasileira, e, então, convidamos  Josias Isidoro e Acyl do Kadoshi, para também participarem do evento. Os estúdios Movind Sound e Giornaletto entraram como parceiros da MR1, e começamos a convidar os artistas. Foi tremendo! No dia, era possível ouvir anjos cantando". "Reunir todos os artistas parecia difícil para alguns, mas conseguimos", afirma a jornalista.
 
No dia da gravação, mais de 80 cantores abraçaram o projeto e compareceram para soltar a voz por uma boa causa. Gente como Adhemar de Campos, Celinha Batista (ex-integrante do Grupo Fat Family), o americano Michael McCurtis, Silas Furtado do Kadoshi, DJ Alpiste, o rapper Elly, do conhecido grupo de rap DMN, One Face, Parábola, Kaliba, Fex Bandollero, Daisy Houston, Rodrigo Mozart, Gerê, Filipe Cambero, Felipe Amaro,  X Barão, Samuel Sabino,Mano Reco,Odair Gomes,Kleber Diaz, entre outros, participaram da gravação da música "Vamos nos unir", de autoria de Joel Alves e J.Wilson do Grupo Heivs, e adaptação de Luciano Claw, Sérgio Saas e Lito Atalaia.
 
Segundo a organização do evento, o lucro líquido da renda obtida com a venda dos CDs e DVDs será revertido para o Fundo Estadual de Defesa Civil, que é auditado pelo Ministério Público de Santa Catarina.
 
"Foi gratificante esse trabalho", fala, emocionado, Marcelo Rebello, Diretor de Marketing da MR1. São dele as palavras: "A oportunidade de poder colocar em prática um dos maiores mandamentos, que é o amor ao próximo, foi maravilhoso! Reunir artistas tão talentosos, em tão pouco tempo, em um trabalho de qualidade, foi um tremendo desafio. Mas, ao ver o engajamento de todos e o clima de solidariedade e união presente na gravação, nos tornamos uma única família, como diz a música da campanha, e tive a certeza de que todo o esforço valeu a pena". Sobre os planos para o próximo ano, declara: "Durante todo esse  ano de 2009, vamos colocar em prática um grande esforço de marketing, por meio de exaustiva campanha publicitária, unindo mídias, artistas e lideranças com vistas a alcançar um número expressivo de doações, levando às vítimas da tragédia de Santa Catarina a certeza de esperança e fé". O CD e o DVD devem chegar às lojas no próximo mês.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Crônica: ESTE CORPO NÃO TE PERTENCE !

por: Marcelo Rebello
 
Ele era um verdadeiro sarrista. Quase nunca se via o irmão Waldemar de mau humor. Sempre às voltas com suas histórias mirabolantes dos tempos em que morava em Xuque-Xuque, no Estado da Bahia, onde havia sido criado até os dezesseis anos, quando veio para São Paulo "ser doutor".
Após passar por muitas dificuldades, Waldeco, como era conhecido entre os membros da Igreja do Pentecoste Exaltado, do Bairro do Limão, conseguiu emprego em uma corretora de seguros, onde já trabalha há mais de vinte e cinco anos.
Waldeco era uma homem de fé, e fazia questão de participar de todos os eventos sociais de sua igreja. Os irmãos, por sua vez, sempre o convidavam, pois com seu sotaque nordestino (que não perdera apesar dos vários anos na terra da garoa) era presença obrigatória nas rodinhas de fim-de-festa, onde chacoteava com os rapazes e moçoilas, mexendo suas melenas castanhas entre um causo e outro.
Este fim-de-semana, lá foi Waldeco para mais uma vigília... Havia trabalhado até as dez da noite na corretora, que ficava na Avenida Paulista. Passou pela lanchonete do Josias, onde entre um refrigerante e outro devorou um misto-quente e uma coxinha endurecida pela estufa. Após o tradicional cafézinho, pegou o carro e foi-se pela Marginal até a Ponte do Limão, onde havia marcado um local para pegar alguns irmãos e ir até o Morro do Sabão, onde seria feita a vigília.
Era uma visão interessante aqueles muitos feixes de lanterninhas elétricas a subir o morro, uns atrás dos outros. Vez por outra, ouvia-se o grito de "Vamos, vamos" do Pastor José Elias, um negro forte e alto que sempre levava um lampião no lugar da lanterna, pois "Nunca se deve confiar em pilhas", dizia ele com sua voz firme e grossa.
Após achar uma clareira, os irmãos acomodaram-se e puseram-se de joelhos para o momento das orações. Entre gritos, grunhidos e frases empoladas, vez por outra ouvia-se o barulho do estilhaçar de galhos secos e uns pontinhos de lanternas que iam para algum canto do morro "aliviar o ventre", longe dos olhares furtivos dos outros companheiros de noitada santa.
Depois de umas duas horas de joelho, entre orações e cochilos (na verdade mais cochilos que petições), Waldeco sente que é hora de sua "escapadinha". Apanha sua lanterninha que comprou em uma de suas recentes viagens ao Paraguai, e se separa do grupo, indo de soslaio para um cantinho estratégico do morro.
A lanterna no entanto falha (o Pastor José Elias iria dizer depois "Eu te disse, eu te disse que não se pode confiar em pilhas... se tivesse trazido um lampião...") e é aqui que começa o desespero do pobre Waldeco. Na escuridão de seu refúgio, entre um capinzal e uma moita, ele sente que algo não está bem. "Terá sido o misto quente ou a coxinha endurecida?" pensa Waldeco, "o Josias vai se ver comigo, ah, vai!".
E o tempo passando, e nada da dor-de-barriga ir embora... Agachado ali, sem eira nem beira, escutando ao fundo as orações dos irmãos, Waldeco foi sentindo o peso do cansaço, as pálpebras descendo, não tomando conhecimento do esforço sobre-humano que ele estava fazendo para conseguir ficar acordado (no desespero de vir logo para detrás da moita, ele esquecera-se de trazer a bolsa com o papel higiênico...).
Waldeco não aguentou. Suas forças se esvairam e ele dormiu. Dormiu e sonhou... E roncou.
A esta altura do campeonato, já era quase cinco da manhã, e o sol já estava começando a nascer. "Vai ser um dia lindo", comentou a irmã Filó, simpática regente do círculo de oração, "não é mesmo Waldeco?". Filó estranha o silêncio e olha para o lado. Qual a sua surpresa ao ver que no lugar onde deveria estar o irmão Waldeco estava somente sua blusa, sua carteira, sua bolsa, seu lenço e seus sapatos.
"Pastor José, Pastor José - gritava Filomena aos prantos - o Waldeco foi arrebatado! O Waldeco foi arrebatado!". Todos se entreolharam surpresos e começaram a orar e a glorificar, num misto de surpresa e inveja.
"Logo o Waldeco... bem que poderia ser eu" - logo pensou o Reginaldo, tecladista da Banda Misericórdia, se mordendo de inveja.
"Ah, no mínimo foi o demônio que o arrastou para baixo, e os tolos acham que foi arrebatado..." - pensou, incrédulo, o Teixeira.
"Já que o Waldeco se foi, vou ficar com a carteira e o talão de cheques" - falou Pedro, arrependendo-se em seguida diante dos olhares indignados da irmandade "Brincadeirinha...." arguiu, devolvendo os pertences do arrebatado.
Foi então que se ouviu um grito vindo de algum canto do Morro do Sabão: "Sai, sai, sai daqui miserável... Que droga, eu vou matar o Josias!".
Todos se entreolharam assustados: era a inconfundível voz do Waldeco, com sotaque e tudo. "Óxente, desgruda daí. Sai, sai! Ah, meu Deus, o que eu fiz prá merecer isto? Eu vou matar vocêêêêêêssssssss..."
Ao ouvir esta sentença, e ao ver as coisas do Waldeco que ainda estavam no chão, os irmãos não pensaram duas vezes: começaram a correr, uns para um lado, outros para outro lado, em uma bagunça generalizada.
A irmã Filomena seguiu justamente para o lado em que o Waldeco tinha ido satisfazer suas necessidades fisiológicas durante a madrugada, e adormecido com as calças nos pés. Ao acordar, ele percebeu que havia sentado em um formigueiro, e que as saúvas estavam grudadas em todo o seu corpo. Ao deparar-se com aquela cena tosca, do Waldeco correndo em volta de si mesmo, praguejando e batendo no próprio corpo, Filó não hesitou: pegou sua Bíblia e com toda a autoridade que lhe era peculiar, disse em alto e bom som: "Saiam deste corpo, pragas do Egito, que ele não vos pertence! Voltem para o abismo e deixem esta pobre alma descansar em paz!".

O QUE É VENDIDO NAS IGREJAS?

Por: Marcelo Rebello
 
No tempo de Jesus Cristo, o evangelho era pregado de uma forma pura, sendo o foco principal o sacrifício do filho de Deus em favor dos pecadores, sem distinção alguma. Poderiam ser eles pobres, ricos, feios ou bonitos... Até mesmo o paradigma do judaísmo foi quebrado, tendo em vista que através do Apóstolo Paulo o evangelho deixou de ser exclusivo para os judeus e estendeu-se aos gentios (nome que se dava a toda a pessoa não-judia). Entre os "mecanismos" de divulgação na época, Jesus utilizou-se muito bem de ferramentas de massa, por meio de uma mensagem carismática, forte e de personalidade. Era comum ver Jesus Cristo contando histórias ao ar livre para multidões de pessoas. Outra ferramenta eram os sinais e prodígios, que faziam com que a sua fama corresse rápido pelas aldeias israelitas.
Os judeus, nessa época, estavam vivendo sob uma colonização romana, que ao contrário da medo-persa e da babilônica não interferia na cultura e na religião dos povos colonizados, antes tinha um interesse mais político e econômico, sendo até mesmo cruéis, utilizando-se de métodos sub-humanos na manutenção da paz e da ordem.
Que Jesus Cristo detinha consigo o poder de influenciar as pessoas é fato consumado. No entanto, a despeito da mensagem de amor, fé e esperança de Cristo, os judeus esperavam que o messias prometido fosse um líder político e não um libertador espiritual.
A mensagem de uma vida pós-morte de paz e harmonia era bem-vinda desde que viesse aliada à libertação político-econômica do sistema de colonização romano, tornando Israel um estado independente.
É de se admirar que mesmo depois de 2 mil anos, a mensagem de Jesus Cristo seja tão forte a ponto de atrair seguidores e admiradores no mundo todo (aliás, a própria história se divide em antes e depois de Cristo). Outro fator determinante para o sucesso da mensagem foi o ícone utilizado por Jesus Cristo como fixador na mente das pessoas de seu sacrifício de dor e sofrimento em prol da humanidade: a Cruz. Tão fácil de fazer que até uma criança de 3 anos pode rabiscar... Mas ao mesmo tempo, tão forte e tão terrível sofrimento traz consigo que é impossível tornar-se despercebido!
Após a morte de Jesus Cristo na cruz, o evangelho começou a ser pregado pelos apóstolos com sucesso, atraindo muitos seguidores. A tônica era o "negue-se a si mesmo e carregue a sua cruz" e "o amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo". Os novos convertidos estavam tão envolvidos com a nova fé, que vendiam seus bens, abandonavam seus trabalhos e viviam em comunidade, compartilhando entre si e de igual modo de todos os recursos financeiros e sociais. Era comum após a conversão as pessoas trazerem aos pés dos apóstolos todos os seus bens.
A história começou a ficar ruim quando o Estado enxergou o crescimento desta nova religião e começou a perseguir os precursores da nova fé que liberta (do diabo e dos impostos do governo).
Portanto, a igreja primitiva tinha como premissa de sua pregação a libertação do espírito e a cura dos males da alma, desprezando o egocentrismo e o capitalismo e valorizando os laços eclesiásticos, familiares e sociais, com vistas a uma comunidade mais perfeita e justa.
Este evangelho, no entanto, foi sendo distorcido: a primeira grande distorção foi a visão de Constantino e a criação da Igreja Católica Apostólica Romana. Depois vieram os muçulmanos, budistas, adventistas, e outros istas, e istos... que traduziam a seu bel prazer as doutrinas bíblicas. Pode-se notar que, em sua grande maioria, as seitas e heresias nasceram de uma visão espiritual ou de alguma conversa com alguma entidade...
Desta maneira, deixou-se de "vender" Jesus Cristo e começou-se a vender "conceitos e valores" nas igrejas.
Em vez da mensagem de fé e esperança, os líderes espirituais começaram a vislumbrar o potencial econômico dos seus fiéis e a exercer sobre os liderados uma influência em que a tônica deixou de ser a salvação da alma, tornando-se a prioridade o gozar terreno das bendicitudes divinas.
Neste contexto, duas correntes protestantes (ou seja, derivados da reforma luterana) se destacaram com técnicas parecidas mas com públicos-alvo e mensagens diferentes: o pentecostalismo e o neo-liberalismo.
No pentecostalismo a tônica é a mensagem sensacionalista, recheada de manifestações, sinais e músicas barulhentas com fundo afro-brasileiro. A mensagem principal é a "glória de Deus que desce do céu", o restabelecimento da alma através da manifestação extraordinária de sinais de cura. Outro fator preponderante é a "receita da fé", que promete bênçãos financeiras para aqueles que oferecerem sacrifícios de fé, e neste caso, além dos reais, valem dólares, jóias, carros, e qualquer outra coisa que possa ser vendida e revertida em receita para os templos e demais "necessidades cristãs".
Já no caso dos neo-liberais, a  mensagem vem com um fundo mais intelectualizado e, em alguns casos, bem jovial. São reuniões com uma boa mensagem com forte fundo emocional, regadas a muito rock'n'roll e atividades sociais, que valorizam muito mais o status financeiro e social do indivíduo do que a solução para os seus problemas espirituais. Entre as prioridades estão mensagens que valorizam o combate ao stress e à solidão (os males que atacam a classe média-alta da população).
Outra diferenciação é que os templos pentecostais geralmente estão situados nas grandes concentrações de massa da periferia, enquanto os neo-liberais geralmente se ocupam de antigos cinemas ou teatros dos grandes centros urbanos, geralmente em bairros elitizados.
Os pentecostais apregoam um evangelho mais popular, com mensagens que valorizam as áreas de saúde, financeira e dos problemas familiares e sentimentais (afinal, é namoro ou amizade?). Os neo-liberais, por sua vez, apregoam um evangelho mais elitizado, com mensagens que se utilizam de palestras inteligentes e reflexivas, sempre buscando o equilíbrio emocional e afetivo. Isto dá-se, também, pelo motivo de as classes mais baixas não terem acesso à cultura, que os deixa mais vulneráveis aos ardilos de líderes mal-intencionados, que se utilizam de técnicas de persuasão para vender as soluções populares que estas pessoas vislumbram para seus problemas cotidianos. Na contramão deste sistema, no entanto, seguem os neo-liberais que têm um maior padrão sociológico e cultural, que faz com que tenham naturalmente um filtro que os faz refletir mais e emocionar-se menos. A técnica empregada, neste caso, é a personalização da mensagem, entregando sob medida soluções para as suas aflições, em troca do investimento de recursos e tempo para a "obra missionária".
Sem dúvida alguma, uma das maiores diferenças entre o evangelho de Jesus Cristo e o contemporâneo é que o foco do mestre eram os valores celestes, enquanto que nas igrejas atuais dá-se mais ênfase nas vantagens de se ter a garantia de melhores dias aqui mesmo na Terra...
Quer um terreno no céu? Ou será que uma BMW e uma boa casa em Alphaville já são o suficiente???
Ah, se sobrar algum tempo, após realizar todos os seus sonhos de consumo, você ainda corre o risco de conhecer um tal de Jesus Cristo... Mas aí, já é uma outra história...

INFLUÊNCIA

COMO PASSAR DE INFLUENCIADOS A INFLUENCIADORES ?
por: Marcelo Rebello

Escrever sobre marketing com foco no mercado evangélico é um tremendo desafio. Mesmo com toda a tecnologia disponível, ainda existem muitos tabus a serem quebrados. Alguns deles estão ligados a questões éticas e ao preconceito de se usar as técnicas de marketing no evangelismo pessoal e de massa.
Imaginemos, pois, se Jesus Cristo tivesse nascido no século XXI: como se comportaria? Ao que sabemos, "Jesus nada escreveu". Como explicar então a necessidade que muitos sentiram e sentem até hoje de escrever a seu respeito? Jesus nem mesmo saiu da Palestina durante o seu ministério terreno (exceto quando esteve na região de Tiro e Sidom), mas o seu nome é conhecido em toda a parte do mundo.
Para se ter uma idéia, antes do fim do século II d.C., já existiam mais de 20 grupos religiosos distintos que afirmavam ter alguma espécie de origem em Cristo. Em meados do século IV, contam-se mais de 80 desses grupos...
Se alguém quiser se arriscar a contar o número atual de grupos existentes, fique à vontade! Por aí, já dá pra perceber a magnitude de sua influência! Mas, como ser influente afinal?
Influência não é só usar smoking em dia de festa black-tie, ou estar com a cara estampada nas colunas sociais. Podemos afirmar que o resultado natural de uma pessoa influente é um misto de conflito e revolução.
As pessoas que entram em contato com a mesma, são modificadas por ela, ou por outro lado, têm que fazer-lhe agressiva oposição, a fim de se livrarem de sua possível influência.
Quanto mais elevada for, tanto mais intenso será o conflito, a modificação e a mudança nas vidas daqueles que entram em contato com ela.
Mesmo os mais céticos, que não reconhecem a divindade de Cristo, evidenciam o seu valor como pessoa e, na maioria dos casos, não conseguem se livrar totalmente de sua influência.
Existem ainda aqueles que passam sua vida toda tentando anular e desacreditar a sua influência e diminuir a sua importância, como os ateus e os agnósticos. Nestes casos as reações adversas e os conflitos são ativados mais intensamente. A oposição por si só já é um testemunho involuntário da influência de Cristo.
A maior evidência de sua grandeza é os crentes sentirem a necessidade de incorporar em si mesmos "algo" de sua vida. Mais de 20 séculos não foram suficientes para dirimir as modificações, alterações, transformações e conflitos que a presença de Jesus Cristo criou nesta terra. E este sem sombra de dúvida é o grande desafio da igreja do século XXI.
Até que ponto a influenciadora tem sido influenciada pela mídia secular? Num mundo interativo, globalizado e movido à informação, manter acesa a mensagem pura e simples do evangelho de Cristo não parece uma tarefa fácil, ainda mais com as técnicas e conceitos ultrapassados que a maioria das igrejas e ministérios insistem em chamar de "marketing"...
Na maioria das vezes, os esforços de comunicação que os líderes têm efetuado em seus eventos são as mesmices de sempre: uma faixa na frente da igreja, alguns panfletos "xerocados", e de vez em nunca um carro de som que mais parece uma caixa de abelhas.
É evidente que existem alguns pastores que já acordaram para o impacto que o investimento em mídia pode ter sobre sua forma de divulgar seus ministérios, bem como existem alguns que já estão absorvendo o conceito de agência de consultoria especializada em comunicação e marketing para o mercado cristão, mas ainda são casos raros.
Me lembro que certa vez fui convidado para tocar em um "culto ao ar-livre". Me deram um violãozinho com 5 cordas (não é modelo diferente não, é que estava sem a "mizinha" mesmo!), um microfone e uma "mikassim" – aquelas caixinhas de som de um metro quadrado... E o pior: tiveram a paxorra de pegar emprestado um caminhão de carroceria, daqueles de feirante, todo sujo, e me convenceram que era "tudo pela obra de Deus". Iria iniciar o show!
O "dirigente" começou a rosnar em um desafinado dó menor um hino sacro, que só ele mesmo entendia a letra, e ainda deu um olhar 43 para mim, como se estivesse abafando. A multidão de 15 pessoas que estava assistindo a esta tórrida cena, ainda tentava convencer a alguns transeuntes que "o céu era ali"!
Para piorar a situação, o tempo fechou e começou uma chuva (que para mim foi "de bênção"), e então a multidão – que agora já somava a incrível quantidade de 10 a 12 pessoas, se dispersou com quase nenhuma dificuldade.
O resultado: zero pessoas se decidiram pelo evangelho e ainda peguei uma gripe que me deixou de cama por dois dias. Realmente, é um dos traumas que me valeram boas doses de aconselhamento pastoral.
Sorte a nossa que a missão de convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo é do Consolador (João 16.8), senão...

QUERO APENAS SER PAI

GUARDA COMPARTILHADA PODE GARANTIR DIAS MELHORES PARA PAIS E FILHOS
por: Luciana Mazza

 
 "Quero apenas ser pai". Este é o desabafo de vários homens, na mesma luta pelo direito de participar mais ativamente da vida de seus filhos. Para quem não entende tal reivindicação, aqui vai a explicação: o pai moderno deixou de ser apenas o símbolo do homem responsável pelo sustento financeiro da família, para assumir novas funções dentro do lar. A figura paterna do século XXI renova-se em sentimentos e emoções, configurando-se em um exemplo de dedicação, bem diferente do espírito empoeirado do nosso antigo Código Civil de 1916, que ainda influencia bastante o Direito de Família no Brasil.
 
No passado, tudo era diferente. Mulheres só trabalhavam em casa; os pais eram pouco mais do que interditos e provedores; as separações conjugais eram raríssimas; em suma, os conceitos eram outros. As mulheres antigas foram criadas refletindo a realidade machista dos legisladores, homens, do início do século XIX, que, por exemplo, jamais trocariam uma fralda ou preparariam um almoço para seus filhos. Naquela época, pensavam que o melhor era que a criança ficasse com a sua mãe, pois este trabalho seria exclusivamente da mulher, e humilhante para o homem.
 
Passaram-se anos e, hoje, a situação é inteiramente diversa. O novo pai trabalha, mas também ajuda em casa. Cuida de negócios, e acorda à noite para ajudar a mulher a olhar o bebê que acabou de nascer. Continua se preocupando com um futuro melhor para o filho, mas não deixa de reservar um tempo para curti-lo no dia-a-dia. O que vale é estar sempre presente, convivendo e participando da vida dos rebentos, mesmo que, um dia, o casamento acabe e o divórcio aconteça. "É possível falar de ex-maridos e ex-mulheres, mas nunca de ex-filhos. É uma aliança de amor que nunca se rompe." Essa é a opinião do publicitário Marcelo Rebello (36), pai de Ranah (9), separado há 4 anos, que luta na Justiça pelo direito de conviver com a filha, proibida de visitá-lo pela mãe. Até ameaça de morte ele já sofreu na hora de tentar exercer seu direito de visitação! Todos os problemas começaram depois que Rebello resolveu constituir uma nova família com sua atual mulher Luciana, mãe de seu filho Yeshua, que sempre teve um ótimo relacionamento com Ranah. Totalmente munido de documentos e com todas as pensões em dia, Rebello desabafa: "Sempre que encontrava a minha filha, vivíamos intensamente e chorávamos juntos, sabendo que o nosso amor está acima de qualquer interesse, e que, um dia, tudo isso vai passar. Na última vez, na hora de nos separarmos, Ranah preferiu ir embora escondida do irmão Yeshua, para não vê-lo chorar na hora da despedida. E aí, eu pergunto: Quem vai nos devolver os anos em que fomos separados um do outro? Pai e filha, irmão e irmã? Normalmente, o que se vê por aí, quando a separação não é amigável, são algumas mães usando os filhos como "moeda de troca", onde o que menos importa é a saúde emocional da criança. Acho que, se algum homem deixa de pagar as pensões, está errado! Mas que punição têm as mães que violam o direito dos próprios filhos de conviver com o pai? Elas não deveriam também ir presas por não cumprir uma ordem judicial? Ou, pelo menos, não deveriam responder criminalmente por ter violado um direito da criança? Às vezes, ouvimos que existem meios legais, como em casos contumazes, de um dos pais negar ao filho o convívio com o outro cônjuge. Sim, existe, e sempre existiu a hipótese legal da inversão da guarda e da perda do poder familiar, mas, na cultura da nossa sociedade, é bem difícil nos depararmos com uma sentença dessas a favor de um pai."
 
O publicitário Rebello pretende, escrever um livro sobre o assunto. Lembra que ainda existe muita luta pela frente, já que a nova Lei da Guarda Compartilhada é bem recente e ainda tem que passar pelo crivo de alguns magistrados que resistem a mudanças.
 
Se, para alguns juristas, o assunto ainda causa estranheza, para o Dr. Euclides de Oliveira, Juiz, Advogado de Família e Sucessões em São Paulo, Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família - Seção São Paulo, a nova lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é uma mudança importante. Afirma Dr. Euclides: "O sistema antigo, tradicional, era o de guarda unilateral, isto é, de entrega do filho à guarda da mãe ou do pai, dando-se ao outro apenas o direito de visitas. Com o novo sistema legal, de guarda compartilhada, embora a guarda física fique com um dos pais, o outro deixa de ser um mero visitante, para compartilhar ativamente das atividades de criação, assistência e formação do filho menor". Quanto a quem tenta se beneficiar de forma errada com a guarda do menor, o Dr. Euclides lembra: "Quem age dessa forma, seja a mulher, seja o homem, está usando o filho como simples objeto para alcançar vantagens indevidas. O filho nunca pode ser explorado como moeda de troca, pois é sujeito de direitos, seus interesses são superiores aos dos próprios pais, no sentido de que precisam de uma regular assistência, sob fiscalização judicial, quando necessária, para que tenham uma boa formação material e moral".
 
Pesquisas feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) comprovaram que as mães ficaram com a guarda dos filhos em 60.968 decisões judiciais de primeira instância, em 2006, em todo o Brasil, o equivalente a 90,91% das sentenças. Já os homens, ficaram com a guarda em 3.500 decisões, ou 5,22%. O restante equivale a outros tipos de guardiões legais. Geralmente, o esquema adotado é 7/1 ou 14/1, o que significa que os filhos passam sete, ou quatorze dias, com a mãe, e somente um com o pai.
 
Para a empresária Marcia Witt, mãe de Gustavo (5) e de Isabella (3), a guarda compartilhada vem para acabar com a "profissão" de ex-mulher. Separada do marido há 2 anos, ela conta: "É impressionante como ainda existem mulheres que se conformam em viver debaixo das asas dos maridos! Separam de um e logo depois têm filho com o outro e vão vivendo das pensões! E ai do cara se atrasar a pensão! Certamente, isso ainda é herança da geração passada! Sempre trabalhei, e acho que não tenho o direito de impedir que os meus filhos vejam o pai, até porque eles o adoram! Mesmo que o meu ex-marido, um dia, deixasse de ajudar com as crianças, acho que isso nada tem a ver com o direito dos meus filhos de conviverem com ele. Sou mulher, mas acho que, muitas vezes, a pensão vira uma extorsão, e existe um abuso de poder por parte de quem tem a guarda!".
 
A psicanalista Martha Machado, filha de pais separados, faz coro junto à empresária Márcia, e acrescenta: "A guarda dada apenas à mãe é algo deficiente. Este é um modelo que não atende mais à realidade atual dos relacionamentos". E finaliza: "O termo 'guarda' é inadequado, mas a qualificação de 'compartilhada' traduz o espírito da complementaridade das funções materna e paterna. Já o termo 'visita' é completamente extemporâneo, contemplando a formalidade que pode dizer respeito às relações entre ex-cônjuges, mas, nunca, entre pais e filhos. Pai não é visita, e ainda, naquela legislação, a visita era um direito e não um dever... A convivência alimenta as relações, e pais e filhos têm a oportunidade de viver de forma ampla a experiência da parentalidade que é extremamente gratificante. Vivi muito tempo longe do meu pai, pois existiam problemas sérios entre ele e a minha mãe. Lembro-me de quando todos tinham um pai, no Natal, no Dia dos Pais, e eu era proibida de ver e estar com o meu e também com a única irmã que eu tinha. Tive uma infância infeliz, problemática, e até cheguei a pensar em morrer, mas alguém lá de cima gostava muito de mim e não deixou que isso acontecesse. Hoje, moro com o meu pai e não me imagino longe dele! Espero que, com a guarda compartilhada, filhos não tenham que esperar a maioridade para decidir com quem querem ficar! E pais não desistam de lutar pelos seus filhos, porque nós esperamos isso de vocês! Todo filho precisa de mãe, mas também precisa de pai. Só assim é possível ser um adulto equilibrado, seguro e feliz!"