Salve, Salve !

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quinta-feira, 30 de abril de 2009

MORTE? UMA QUESTÃO DE ESCOLHA...

por: Marcelo Rebello, foto: Lú Mazza
 
Há apenas alguns meses, de uma hora para outra, meu pai estava na varanda de casa e teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral), que o levou à uma internação de longos 103 dias.
Durante este período, ele oscilou entre o CTI e o quarto, sendo que nos últimos momentos de lucidez a preocupação dele era com a casa, a família, se eu estava cuidando bem de minha mãe, se o pequeno Yeshua estava bem, etc... Houve, inclusive, um dia em que ele, de forma totalmente sarcástica, escreveu em um papel (ele já não conseguia falar...) "Chame um táxi. Quero ir para casa!".
Havia em todos nós, e na equipe médica também, a esperança de que ele poderia sair desta. Ele estava se recuperando bem do AVC... No entanto, quando de sua segunda volta do CTI para o quarto, ele pegou uma infecção hospitalar, que em alguns dias culminou em uma parada cardíaca e na falência múltipla de órgãos.
No meio desta "tempestade", em que o Bispo Egrinaldo Rebello estava coberto de oração por nada menos que 25 igrejas, todas suplicando a Deus que não o levasse, que o deixasse conosco. Eu, o filho mais velho, tão apegado e amigo, tive que fazer a oração com atitude mais difícil de minha vida: Pedi ao nosso Pai de Amor que trouxesse meu pai para junto de nossa família, mas que isso fosse feito se fosse realmente de Sua vontade, pois eu confiava que Deus teria a melhor decisão para seu tão querido filho.
Confesso que não foi nada fácil conviver com a idéia de que, a qualquer momento, poderia vir a perder meu Pai para a morte... As noites eram intermináveis e, a cada vez que o telefone tocava, meu coração disparava efusivamente, imaginando qual seria a notícia...
Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua infinita sabedoria e onisciência (e, porque não dizer, onipotência), decidiu que o "escolhera". Sim! Meu Pai havia sido escolhido para estar diante do Seu Deus. Aquele mesmo Deus que ele conversava todas as madrugadas, em seu quarto, orando e intercedendo pela família, pela igreja, pela janela 10x40, etc, etc, etc...
Ele finalmente fora escolhido para conhecer o seu Deus face-a-face. E isto deveria, sim, ser motivo de festa e de alegria...
Sinceramente, seria de uma tremenda hipocrisia dizer que minha primeira reação não foi de revolta, dor e sofrimento. De repente, olhei para baixo, e não vi o chão! "Como é que Deus decide levar meu Pai sem nem ao menos me consultar? Isto é inconcebível!". Chorei, chorei muito e até hoje, às vezes, a saudade me corrói o coração, afinal foram mais de 35 anos de convivência intensa, de confidencialidade, de companheirismo, amizade e amor.
A lacuna é algo que demora muito a ser absorvido. Viver com a ausência das pessoas que mais amamos é muito difícil. Mas, para nós que somos servos do Altíssimo e que cremos que a morte nada mais é que um recomeço, para uma vida muito melhor, ao lado das pessoas que um dia amamos e, principalmente, pertinho do nosso Criador, é muito mais fácil passar por cima da morte.
Na verdade, na verdade, esta ausência instântanea me fez refletir no quanto meu pai me deixou, nos valores e preceitos que ele me ensinou, a ênfase na bondade, no amor, na dignidade, na ética, na sinceridade. O ser o que é, sem se preocupar em agradar a quem quer que seja... Ser autêntico e real... Falar o que pensa, e assumir as consequencias de ser verdadeiro. Valores, estes, que não tem preço. Meu pai continua vivo, por meio destas coisas que não irão nunca morrer. Cada vez que eu faço algo que ele me ensinou, ou que ele gostava, ou ainda a cada frase que me lembro dele, sua imagem se torna quase que palpável. Às vezes, tenho a impressão que irei a qualquer momento me deparar com aqueles olhos azuis enormes, e aquela voz alta a me fazer lembrar o que realmente importa nesta vida: Deus, a família, os amigos. Isto é o que vamos levar conosco para a eternidade. Perdão, amor, paz, alegria, amizade, fraternidade, fé...
Vejo a morte não com medo ou receio, mas com bastante expectativa. Expectativa de, em primeiro lugar, ter cumprido a minha missão terrena com sucesso. Em segundo lugar, a expectativa de deixar algo de valor (material, sim, mas principalmente, espiritual) e principalmente, a expectativa de que possa, um dia, estar ao lado de meu Deus, olhar para Ele e dizer: "Caramba! Valeu a pena! Obrigado por ter me feito, ter cuidado de mim e ter me escolhido no momento certo! Sou feliz à bessa, Pai... Vamos tomar um expresso celeste?"

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